Este nobre animal outrora tão útil na faina da pesca, e hoje como tudo o que cai em desuso foi ficando esquecido e quase se extinguiu esta raça em Portugal, junto uma pesquisa sobre o Cão de Água Português que fiz na Net.
"O Cão d'Água Português foi durante muitos séculos, utilizado a bordo dos barcos de pesca como auxiliar dos pescadores. Na faina há sempre peixe que cai no içar das redes, cabos que deslizam borda fora. Então o cão tem um papel importante no cobro do peixe, na recuperação do cabo o que consegue graças à sua magnífica aptidão natatória e capacidade de mergulho até alguns metros de profundidade.
É tradição oral entre os pescadores da costa algarvia, que os cães detectavam muito antes dos humanos a presença de tubarões. Quando um animal se recusava, obstinadamente, a entrar na água, os pescadores aceitavam esta atitude porque tinham como certa a presença de um inimigo nas redondezas.
Para além das tarefas piscatórias, o cão desempenhava também funções de estafeta entre embarcações e dela para a praia ou vice-versa, transportando mensagens ou objectos.
Quando termina a faina e descarregado o pescado, os pescadores abandonavam a embarcação na mira do merecido descanso, o cão continuava de serviço, desta vez como guarda de todo o património.
De tal modo era reconhecida a importância das funções do cão, que este estava praticamente integrado na companha, com direitos atribuídos na distribuição do pescado, que iam de um quarto a metade do quinhão de cada pescador. Este peixe servia para a sua alimentação, da responsabilidade de um membro fixo da tripulação.
O Rei D. Carlos, homem de grande cultura, atento às coisas do mar, tinha a bordo do iate «D. Amélia» dois exemplares da raça, que lhe prestavam óptimos serviços nso estudos oceanográficos. Exemplo em boa hora seguido pela Marinha Portuguesa que mantém a bordo dos Navios-escola Sagres e Criola, Cães de Água, óptimos embaixadores do mundo canino português nos portos escalados por estas embarcações.
Com a evolução da técnica, aconteceu ao Cão de Água o mesmo que se verificou com inúmeras classes profissionais dos humanos, ficaram desempregados e o seu número diminuiu drasticamente, uma vez que as suas aptidões deixaram de ser apreciadas e utilizadas, por desnecessárias. Assim no início do século XX o seu número diminuiu gradualmente, acabando por permanecer somente na costa algarvia.
Embora com uma brilhante «folha de serviços», não havia entre nós a noção de que tínhamos um raça que deveríamos preservar, melhorar e promover. Como reflexo, os trata distas estrangeiros das coisas cinológicas, ao descreverem as raças portuguesas, ignoravam-na.
Eram cães de pobres, como eles nasciam, viviam e morriam, sem história. Na década de 70, o Guiness Book, atribui-lhe o título pouco invejável e para nós nada honroso da raça canina mais rara do mundo.
No entanto, graças às suas qualidades como cão de companhia e com a sua inata aptidão para o trabalho na água que tem vindo a ser, e muito bem, fomentada através das Provas Práticas, o Cão de Água Português tem vindo a conquistar novamente um papel de destaque, que tanto merece, em Portugal e no Mundo."
O sublinhado a
Negrito é meu.