Segundo Rui André.
A origem das tigeladas, doce conventual, são de facto da freguesia de Rio de Moinhos, concelho de Abrantes e a história passo a citar:
Foi uma senhora que aprendeu o segredo das tigeladas há quase um século, através de uma sua amiga. De nome, Verdiana, que fora lavadeira de um convento de Abrantes (Convento da Graça – demolido em 1902) onde aprendeu o segredo do doce, com as freiras.
Foi assim que começaram a fazer tigeladas em Rio de Moinhos e o segredo passou de geração em geração até aos nossos dias.
O nome tigeladas, deriva da tigela de barro, onde o doce é cozido. A tigela é de barro vermelho e não pode ser vidrada, nem levar qualquer gordura.
A história das Tigeladas de Rio de Moinhos, já foi descrita, mas com o tempo vão aparecendo, alguns pormenores, que contribuem para o seu esclarecimento, são pequenas histórias aparentemente sem interesse, mas que sem a sua intervenção talvez não atinge-se a esta situação de tal divulgação e tamanha fama.
Tanto quanto se sabe, foi com a D. Cristina de Jesus Nogueira, que se começaram a fazer as primeiras tigeladas, em Rio de Moinhos, e continuaram com a D. Alda Nogueira, e marido António Nogueira (latoeiro) e Joaquim Nogueira (alfaiate) e esposa D. Maria e com a filha D. Conceição.
Há pouco (27Out2009 pelas 16 horas) em conversa com o Sr. Guilhermino, contava-me ele, de como tinha começado a vender as tigeladas, isto passou-se nos idos anos de 1964, altura em que estava ele a explorar, o Café Central, na época mais taberna que café, pois que café, só de cafeteira, lhe apareceu a D. Alda (Ti Alda) esposa do Latoeiro, Sr. António Nogueira, que fazia umas tigeladas por encomenda, levando-lhe as pessoas os ovos e o açúcar. A Ti Alda propôs ao Sr. Guilhermino a venda de tigeladas, no dito café, ao que este lhe respondeu «mas quem é que quer tigeladas, isso aqui não se vende» o certo é que se foram vendendo, chegando ao ponto de ter necessidade de arranjar umas caixas para as embalar, se bem pensou, melhor tentou fazer, e procurando na região, só em Tomar, é que foi possível manda-las fazer com os respectivos dizeres já conhecidos das famosas tigeladas de Rio de Moinhos, mas como queria poucas, aí umas cem ou duzentas, ao que o Sr. Da Tipografia Tomarense, lhe respondeu, o Sr. Tanto paga por cem ou duzentas, como por quinhentas, então lá trouxe as 500 famosas caixas que correram o país de lés a lés, a mulher D. Isabel, quando o viu chegar com tantas caixas, ficou deveras arreliada, que se fartou de ralhar, que era uma estragação, quando é que vais conseguir vender isso tudo, bem o certo, é que a evolução foi de tal modo que as ditas começaram a ter fama, que chegou a ter três fornos a produzir, incluindo a minha mãe, que as faziam às centenas de dúzias, e não davam tigeladas prontas, em minha casa, lembro-me bem o forno nunca arrefecia era de noite e de dia, em especial na altura da caça e em dias festivos, era tanta a procura que as pessoas passavam de propósito por Rio de Moinhos para as levar, o Sr. Ramiro do “Restaurante o Ramiro” também vendeu bem a sua parte quando estava no café Lunar no largo de Rio de Moinhos. Também a D. Deolinda as fazia na sua casa e faziam parte das "Delicias da Deolinda". Hoje não temos ninguém na terra a confecciona-las é uma pena, pois é mais uma arte que se perde na nossa terra. Hoje quem as continua produzir, na localidade de Chainça, com a mesma receita, é o Sr. Avelino Marques, viúvo da D. Conceição Nogueira, que faleceu a 27 de Janeiro de 2009 e era sobrinha da Ti Alda.
- 1 kg de açúcar
- 200 gr de farinha
-1 litro de leite
- 12 ovos
- Raspa de limão (pouco)
Preparação:
Junte e bata bem todos os ingredientes. Aqueça tigelas (de barro não vidrado) bem quentes de modo a que o preparado fervilhe ao ser colocado dentro das mesmas, até sensivelmente meio da capacidade. Deixe cozer no forno durante cerca de 15 minutos.
Bom apetite.