Bem cá estou de volta, "não há bem que sempre dure nem mal que sempre se ature" como diz o povo na sua sabedoria, e logo a para começar a por em dia as notícias dou de caras com este comentário no Correio da Manhã. Fiquei a pensar nestas palavras, e fiquei com a impressão, que nem todos estão adormecidos pelas palavras bonitas, dos nossos governantes, e já se vão ouvindo gritos de alerta, será tarde para que o povo acorde desta letargia? Bem enquanto houver dinheiro para subsídios….
Estado com coração
Por: Luís Campos Ferreira, Deputado e Prof. Universitário
Muita da esquerda continua irresponsavelmente pregada a dogmas. Ouvimos vozes estafadas vestirem a ferrugenta armadura de guerreiros de esquerda e assumirem o papel de guardiões do Estado-social ou Estado-providência. Estas vozes não passam de silêncios reais e indiferentes perante uma "festança financeiramente obscena do seu ser supremo: o Estado", que em muitos casos já deu o que tinha a dar, e na maior parte dos casos não dá o que tem obrigação de dar. É que o Estado não tem natureza mágica, os seus recursos não nascem de geração espontânea e os seus excessos conduzem-nos à sobrecarga de impostos e à filosofia da miséria.
Estamos saturados de dogmatismos histórico-falidos e de discursos empolados mas não justificados pelo exemplo no dia-a-dia. É o clamoroso abismo entre a palavra meiga socialista e o impacto prático da sua governação e das suas medidas. O politicamente correcto da esquerda passa por uma linguagem destinada a adormecer o povo e a dissimular a deficiência da sua acção política. Classificar de Estado-social um Estado que gasta mal o que não tem e que não investe bem o que tem, é trocar os rótulos às coisas. Sob o pretexto do Estado-social temos institutos públicos a mais, temos um sistema de justiça que não funciona, um sistema de saúde que trata os ricos da mesma forma que os pobres, uma política de educação que privilegia a falta de autoridade dos professores e incentiva à preguiça, temos administradores de empresas públicas que ganham mais num mês do que um trabalhador num ano, um sector empresarial público que consome os impostos das empresas e dos cidadãos, fomentamos a cultura do não trabalho e da subsídio-dependência e endividamos as gerações futuras. Este não é o Estado-social. Este é o Estado do absurdo. É a guloseima dos impostos que sustenta a ditadura ávida do Estado. A esquerda que defende este Estado é a esquerda das palavras, que já não tem conteúdo senão estilo de linguagem tão tipicamente afectivo como hipócrita, um estilo malandro. Não é prescindir do Estado de que se trata; se o Estado não existisse tinha de ser inventado, mas não um Estado egoísta. Eu quero um Estado com coração! Se continuarmos a viver só de slogans o Estado-social que já se está a afundar corre o risco de encalhar para sempre. Esta é a hora da escolha! Ultrapassar a evidente crise, pondo o Estado no seu devido sítio, ou caminhar ao som de um coro de vozes para a irremediável agonia do Estado-social, que essas mesmas vozes tanto folcloricamente proclamam mas que na realidade só arruínam.
In: Correio da Manhã 12 Ago. 2010
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